Educação | 7 minutos de leitura

O que é a Nova BNCC e como isso vai impactar a rotina da gestão escolar

07 de December de 2021
Escrito por Guilherme Camargo
@guicamargo__

Homologada em dezembro de 2018, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) chegou com novas diretrizes para uma transformação efetiva da educação no Brasil. O documento normatiza as competências e habilidades que devem ser trabalhadas em todas as escolas do país, públicas ou privadas, unificando os objetivos e garantindo que todos tenham acesso às mesmas aprendizagens, essenciais para um pleno desenvolvimento.

“Conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), a Base deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas, como também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em todo o Brasil. A Base estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Orientada pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, a Base soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.” - portal MEC.

Veja quais são as 10 competências gerais da BNCC:

1.

Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

2.

Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

3.

Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.

4.

Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

5.

Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

6.

Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

7.

Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

8.

Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

9.

Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.

10.

Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

Esse conjunto de conhecimentos, habilidades e valores propostos buscam atender o aluno de forma integral, sob os aspectos intelectuais, físicos, sociais, afetivos e culturais, desenvolvendo um indivíduo melhor preparado para viver o hoje e o amanhã, dentro e fora da escola.

O papel da instituição educacional com essas novas diretrizes é de repensar suas formas de gestão, ensino, avaliações e Projetos Políticos Pedagógicos (PPP), alinhando os objetivos educacionais da escola aos da BNCC.

Alunos e educadores precisarão aprender novas formas e caminhos dentro do processo educacional, e isso exige pensamento e ações coletivas, com a mudança indo muito além da sala de aula.

É o momento de uma liderança colaborativa, envolvendo toda a comunidade escolar, a fim de trazer à discussão quais as necessidades de hoje e as expectativas para o futuro no desenvolvimento de novas formas de ensinar e aprender. Saber o que gestores, educadores, alunos e responsáveis esperam da escola é essencial para uma transformação bem planejada.

O entusiasmo com a mudança deve ser contagioso, mobilizar recursos e ideias para criar um clima que estimule o desejo por conhecimento, mesmo após o fim do ciclo escolar.

O livro “A Base Nacional Comum Curricular na prática da gestão escolar e pedagógica” organizado por Tereza Perez, diretora-presidente da Comunidade Educativa CEDAC, resume os desafios em números:

“Em suma, o que a BNCC aponta como direitos de aprendizagem se traduz em: 10 competências gerais; 117 objetivos de aprendizagem e desenvolvimento; 35 competências específicas de áreas; 49 competências específicas de componentes curriculares; 1.303 habilidades, agrupadas em 81 conjuntos. No total, são 1.514 enunciados sobre aprendizagem e desenvolvimento!”

Cada ciclo de aprendizagem possui objetivos e diretrizes que se interligam, construindo uma trilha de conhecimento ao longo de toda a trajetória escolar e o chamado “Novo Ensino Médio” possui particularidades específicas, que você pode conferir neste artigo.

A necessidade da incorporação de tantas mudanças nas rotinas do dia a dia gera impactos na gestão escolar. Veja algumas dicas para auxiliar nesse processo:

  • Faça uma autoanálise e repense as suas práticas atuais;
  • Ofereça capacitação ao corpo docente;
  • Incentive a troca de experiências;
  • Desenvolva uma escuta ativa e exerça uma liderança colaborativa;
  • Inspire a sua equipe.

TECNOLOGIAS E BNCC

Com uma proposta que visa atender ao desenvolvimento de competências e habilidades de valor para o futuro, a tecnologia não poderia deixar de ser um dos pilares da nova BNCC. A base prevê seu uso, constando inclusive nos itens 4 e 5, além de também ser citada em diversos outros pontos de direitos e objetivos de aprendizagem, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.

Porém, a cultura digital depende de uma implementação efetiva, planejada e responsável, para que seu uso possa ser explorado em toda a sua potencialidade: para que não se trate apenas de infraestrutura e disponibilização de equipamentos, mas que ofereça experiências de aprendizados realmente inovadoras.

A Sejunta realizou em novembro um evento sobre o tema, que pode oferecer apoio às decisões de planejamento educacional e inclusão tecnológica. Confira aqui o que Lilian Bacich e escolas referências em tecnologia reconhecidas pela Apple como Apple Distinguished School trouxeram de valor no debate deste assunto.

Apesar de desafiante e de grande responsabilidade, será estimulante ver nascer a autonomia, o protagonismo, o pensamento crítico, a criatividade e toda a construção de habilidades e competências que dará a essa geração novas e melhores possibilidades no futuro.