No grande cenário educacional brasileiro, conseguimos observar com facilidade o movimento sentido à adoção de tecnologias nas salas de aula e o preparo do corpo docente para uso das ferramentas. No entanto, apesar desta trilha ser seguida no dias de hoje, ainda há muita dificuldade no que diz respeito ao uso destas tecnologias nas práticas diárias. Mais do que isso, é raro encontrar um uso “fora da caixa”, para as novas tecnologias.
Assim como vimos em "Como o TPACK pode me ajudar a utilizar a tecnologia na sala de aula?" e "Como o modelo SAMR pode me ajudar a entender e aplicar melhor a tecnologia na sala de aula?", há diversas metodologias e instrumentos desenvolvidos com o objetivo de suportar os processos de ensino e aprendizagem, bem como o planejamento didático-pedagógico.
Dentre todas estas metodologias e modelos, a Taxonomia de Bloom é uma das opções utilizadas para identificar o desenvolvimento cognitivo dos alunos e desenvolver melhor as atividades em sala.
A Taxonomia de Bloom
Apesar de ser um modelo conhecido no meio educacional, a Taxonomia de Bloom não foi mais difundida por conta das dificuldades de empregá-la de maneira adequada na sala de aula. Quando se determina com clareza os objetivos, é naturalmente mais fácil alcançá-los. No que diz respeito aos objetivos dos docentes com relação ao desenvolvimento cognitivo de sua turma, é difícil atingi-los por não se ter uma visão nítida do que se precisa alcançar. Com a intenção de tornar mais fácil a visualização destes objetivos, a Taxonomia de Bloom cria um modelo didático que veio a servir como base para o desenvolvimento cognitivo dos alunos.
A Taxonomia de Bloom foi criada em 1948 pelo psicólogo Benjamin Bloom e diversos colegas de trabalho que contribuíram para o projeto. Desenvolvido no primeiro momento para classificar os objetivos educacionais para o melhor desempenho cognitivo, o modelo sofreu alterações relevantes ao longo do tempo para que pudesse se adaptar aos novos contextos, inclusive, mais recentemente, o de uso de tecnologia nas salas de aula.
O modelo piramidal, inicialmente, contava com seis “níveis”. De baixo para cima, correspondiam a “Conhecimento”, “Compreensão”, “Aplicação”, “Análise”, “Síntese” e “Avaliação”. Os três níveis mais baixos do modelo são classificados como níveis mais básicos de cognição, relacionados a memorização, entendimento e pensamentos concretos. Já os três níveis superiores são habilidades mais complexas, relacionadas ao pensamento abstrato, ao pensamento crítico e criativo.
Para facilitar a compreensão do modelo, muitos fazem uma analogia a uma escada, onde o docente trilha o aluno por uma experiência de aprendizagem, subindo seus níveis até o mais alto, em que os alunos seriam capazes de pensar de uma maneira mais elaborada.
A Nova Taxonomia de Bloom, por Anderson (1999)
Em 1990, um dos alunos de Bloom, Lorin Anderson, revisou a versão original da Taxonomia e fez algumas mudanças cruciais. A principal mudança foi a troca da nomenclatura das etapas para verbos de ação, que são melhores do que os substantivos empregados para identificar cada etapa do modelo. Esta diferença entre substantivo e verbo deu um caráter bidimensional para o modelo, direcionando a novas pesquisas derivadas do modelo original.
As nomenclaturas agora correspondem a: Lembrar, Entender, Aplicar, Analisar, Avaliar e Criar. Além desta mudança, o topo também foi reposicionado. Com estas mudanças, os doscentes podem agora trazer uma série de verbos, perguntas e estratégias para cada nível, facilitando o caminho trilhado pelos alunos.
Mas e sobre tecnologia?
Muitas pessoas já conhecem e estão familiarizadas com a Taxonomia de Bloom. No entanto, para trabalhar as habilidades dos alunos do século XXI (comunicação, colaboração, criatividade e pensamento crítico), se faz necessário o uso das tecnologias para facilitar os processos de ensino e aprendizagem e também integrar as etapas. Daí surgiu a “Taxonomia Digital de Bloom”.
O primeiro passo que ajudou a considerar a tecnologia nesta taxonomia, foi a adição de verbos que consistem no uso de alguma tecnologia, como por exemplo, adicionar na etapa “Criar” os verbos “Postar”, “Programar”, “Remixar” e entre outras. Com estes verbos adotados para cada etapa do modelo, fica mais fácil identificar quais tecnologias auxiliam no desenvolvimento cognitivo em cada etapa.
Ainda, professores trabalharam juntos para identificar, além dos verbos, quais ferramentas podem auxiliar o avanço cognitivo em cada etapa. O foco não deve ser necessariamente na tecnologia, mas sim em como e quais ferramentas podem desenvolver melhor os alunos em cada etapa.
Quais tecnologias podem te auxiliar a trabalhar as etapas de menor complexidade cognitiva? Quais são as tecnologias que podem auxiliar seus alunos a analisar e debater sobre um determinado tema de pesquisa? Será que há aplicativos ou sites que podem me ajudar a desenvolver meus alunos melhor na etapa Lembrar?
Lembre-se, há diversos modelos e ferramentas espalhadas pelo mundo. Cabe a nós compreender qual modelo ou ferramenta poderá nos auxiliar em tarefas específicas!
(Este artigo foi publicado originalmente no blog Objetos de Aprendizagem. Para ver o original, clique aqui.)